A Adoração e a Palavra
Dr. Robert Godfrey
Orando com a Palavra de Deus
A
Palavra deve também encher as nossas orações. As maiores orações da igreja são
ricas em linguagens da própria Bíblia, oferecendo a Palavra de Deus de volta a
Ele, em oração. As palavras da Bíblia devem informar nossas orações com a
verdade de Deus, as promessas de Deus, e as bênçãos de Deus sobre o Seu povo.
Hoje, muito do que se passa na oração em nossas igrejas é mero discurso
repetitivo e superficial, por querer soar informar e casual. E frequentemente
a oração torna-se somente uma lista de petições a Deus. Ainda pior, em algumas
igrejas a oração tem quase desaparecido, porque muitos dizem que as orações
pastorais são muito enfadonhas no culto.
Certamente
nós devemos apreciar o privilégio de falar com Deus, juntos, como o Seu povo, e
devemos assim fazer duma forma que mostre que Sua Palavra encheu nossas mentes
e corações.
Cantando a Palavra de Deus
A
Palavra deve ser a base do nosso cantar. No mínimo, os cânticos da igreja
devem relatar as verdades da obra salvadora de Deus. Atenção primária deve ser
dada ao conteúdo dos cânticos, avaliando as líricas pelo que é escriturístico. Frequentemente
na história da igreja, os Salmos do Antigo Testamento formavam tudo ou pelo uma
parte significante do louvor do povo de Deus. Certamente nossa adoração está
empobrecida hoje pela ausência relativa dos Salmos na maioria dos cultos de
adoração, na maioria das igrejas. Cantar os Salmos é uma forma maravilhosa de
esconder a Palavra de Deus em nossos corações, e é uma maneira certa de
agradar ao Senhor que os inspirou e lhes deu ao Seu povo, para o seu bem.
(Olharemos para o conteúdo do nosso cântico em maior detalhe mais tarde).
A Palavra e os Sacramentos
A
Palavra deve estar presente nos sacramentos da igreja – o batismo e a Ceia do
Senhor. Agostinho chamou os sacramentos de “a palavra visível”, que é uma forma
útil de pensar sobre eles. Elas não são cerimônias estranhas que distraem de
Cristo e da Palavra, mas são precisamente outra maneira na qual Deus comunica
Sua Palavra. A água do batismo fala da nossa necessidade do sangue de Cristo
para nos limpar (Tito 3:5). O pão e o vinho da Ceia do Senhor fala da nossa
necessidade do corpo e do sangue de Cristo para nos alimentar para vida eterna
(João 6:53-56). Os sacramentos trazem o próprio cerne da Palavra, o Evangelho
de Jesus, para o culto.
A Pregação e a Palavra
Finalmente,
a Palavra deve estar presente na pregação da igreja. Pregação é a comunicação
verbal da Palavra de Deus, aplicando-a as vidas do povo de Deus. O pregador é
um ministro da Palavra de Deus. Sua responsabilidade é estudar a Palavra e então
ensinar e aplicar a Palavra como um ato central da adoração. Deus vem ao Seu
povo e fala ao Seu povo na pregação fiel da Sua Palavra. Como a Segunda
Confissão Helvética diz, “A pregação da Palavra de Deus é a Palavra de Deus”.
Quando ouvimos um sermão fiel, estamos ouvindo Cristo nos falar e nos chamar à
fé e ao arrependimento.
Romanos
10:14 realmente diz, “Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como
crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem
pregue?” Paulo está dizendo que a fé vem por ouvir as próprias palavras de
Jesus, nas palavras fiéis do pregador.
Historicamente
a igreja tem frequentemente chamado a pregação (juntamente com os sacramentos)
de um “meio de graça”. Um meio de graça é uma instituição do Senhor pela qual
Ele prometeu abençoar Seu povo fiel e ajudá-Los a crescer na graça. A pregação,
então, não é uma oportunidade para um pregador oferecer opiniões ou para ser
divertido, mas é a instituição que Deus apontou e usa para comunicar Sua
Palavra. Onde esta Palavra é ouvida e crida, a benção do Senhor sempre estará
presente. O povo de Deus crescerá ao conhecer o perdão misericordioso de Deus e
ao conhecer a vontade de Deus para eles. A adoração ordenada de acordo com a
Palavra de Deus, considera a pregação como o elemento mais vital da adoração
corporativa, essencial para a vida do povo de Deus.
Uma
das tragédias dos nossos dias é que muitos púlpitos estão cheios de estórias
ou psicologia popular, ao invés da Bíblia e da sua verdade. Algumas vezes a
pregação é suplementada ou mesmo substituída pelo drama ou dança, como se elas
pudessem substituir a pregação. O drama e a dança eram meios de comunicação
muito bem conhecidos no mundo antigo, mas os apóstolos e a igreja do Novo
Testamento não os usaram. Antes, a igreja usava o discurso – que Paulo chama de
“a loucura da pregação” (1 Coríntios 1:21-23) – para comunicar Cristo. O
Novo Testamento não dá nenhuma dica de que o drama ou a dança seria apropriado
para a adoração cristã.
Frequentemente
ouvimos hoje que vivemos numa cultura visual, onde o discurso perdeu seu poder
e relevância. Precisamos de drama, dança ou vídeos para nos conectar com as
pessoas em nossos dias, alguns argumentam. Mas o mundo de Paulo também era
visualmente orientado. Os templos pagãos tinham imagens e rituais
impressionantes. O teatro e o drama eram muito mais importantes do que o são
agora. Ainda assim, a igreja usou a pregação para comunicar o Evangelho,
convencida de que a pregação comunicava a Cristo, que era Ele mesmo “o poder
de Deus e a sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1:24). A igreja tem sempre
sido uma igreja do Livro, a revelação verbal de Deus.
A
igreja também precisa de pregadores que desvendarão as Escrituras, porque os
cristãos sempre precisam ouvir o que Deus está dizendo em Sua Palavra e como
esta Palavra os traz para mais perto dEle. O mundo oferece uma abundância de
estórias entretenedoras e dicas úteis sobre se sentir bem. Mas a igreja precisa
da voz de Deus. Como a Declaração de Cambridge diz, “A Bíblia, portanto, deve
ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões devem ser exposições da Bíblia e
dos seus ensinos, não expressões das opiniões do pregador ou das ideias da
época”.
A
pregação fiel não somente desvela a Palavra de Deus. Ela também encontra a Lei
de Deus e o Evangelho na Palavra. Semana após semana os cristãos precisam
ouvir a demanda de Deus para viverem vidas santas. Elas precisam da Palavra de
Deus pregada para serem desafiadas a crescer em amor e obediência. Tal
pregação não aumentará nossa autoestima diante de Deus, mas nos convencerá do
nosso pecado e da nossa necessidade de um Salvador. O ministério da Lei é em
primeiro lugar um ministério de morte, nos convencendo da nossa fraqueza e nos
conduzindo a Cristo, como nosso único refúgio. E semana após semana os cristãos
precisam ouvir da cruz de Cristo, onde Ele carregou seus pecados. Devemos ter o
Evangelho repetido para nós, de forma que possamos ver a provisão completa de
salvação para nós na morte e na ressurreição de Jesus Cristo. Precisamos ser
esmagados pela Lei e chamado à fé no Evangelho. A pregação centrada na Palavra
nos traz a Deus.
Se
realmente nos deleitarmos na Palavra e procurarmos a adoração que está cheia
da Palavra, muitas das tensões e dos problemas que cercam a adoração hoje
começarão a se clarificar por si mesmas. Não podemos reivindicar amor à Palavra
e estarmos contentes com sua ausência na adoração. Desejaremos ouvi-la na
leitura e na pregação, vê-la nos sacramentos, e cantá-la em nossos cânticos.
Se não estamos interessados na Palavra de Deus, podemos
estar realmente interessados em Deus?
Texto retirado do livro;
Agradando a Deus em nossa Adoração
Autor: Dr. Robert Godfrey
Editora: Os Puritanos
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Puritanos e poderá ser baixada no site issuu para uso exclusivamente pessoal.
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1ª Edição em
Português – 2012 – Edição eletrônica
EDIÇÃO EM PORTUGUÊS Manoel S. Canuto
TRADUÇÃO Felipe Sabino
EDIÇÃO GRÁFICA DIGITAL Heraldo Almeida
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